Poeta e poema da semana - Bocage
Um ladrão, armado com uma pistola, abordou Bocage nas proximidades do Café Nicola e perguntou ao poeta:
- Quem és tu, donde vens e para onde vais?
Ao que Bocage respondeu:
- Eu sou o poeta Bocage
E venho do Café Nicola
E vou para o outro mundo
Se disparas a pistola.
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Sempre tão conotado com anedotas e poesia erótica, Bocage passou um pouco ao lado das selectas e dos compêndios da minha geração, como um grande poeta que foi, exímio no soneto.
Agora, após o 2º centenário da sua morte(2005), parece que todos se preocupam em falar nele e publicá-lo. M.P.
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Um pouco da sua biografia
Manuel Maria de Barbosa l´Hedois Du Bocage (Setúbal, 1765 – Lisboa, 1805), poeta português e, possivelmente, o maior representante do arcadismo lusitano. Embora ícone deste movimento literário, é uma figura inserida num período de transição do estilo clássico para o estilo romântico que terá forte presença na literatura portuguesa do século XIX.
Nascido em Setúbal a 15 de Setembro de 1765, falecido em Lisboa a 21 de Dezembro de 1805. Era filho do bacharel José Luís Soares de Barbosa, que foi juiz de fora, ouvidor, e depois advogado, e de D. Mariana Joaquina Xavier l’Hedois Lustoff du Bocage, cujo pai era francês.
Sua mãe era segunda sobrinha da célebre poetisa francesa, madame Marie Anne Le Page du Bocage, tradutora do Paraíso de Milton, imitadora da Morte de Abel, de Gessner, e autora da tragédia As Amazonas e do poema épico em dez cantos A Columbiada, que lhe mereceu a coroa de louros de Voltaire e o primeiro prémio da academia de Rouen.
Apesar das inúmeras biografias publicadas após a sua morte, uma boa parte da sua vida permanece um mistério. Não sabemos que estudos fez, embora se deduza da sua obra que estudou os clássicos e as mitologias grega e latina, que estudou francês e também latim. A identificação das mulheres que amou é muito duvidosa e discutível. (...) Wikipédia
Aqui fica um soneto de Manuel Maria Barbosa du Bocage.
A frouxidão no amor é uma ofensa
A frouxidão no amor é uma ofensa,
Ofensa que se eleva a grau supremo;
Paixão requer paixão, fervor e extremo;
Com extremo e fervor se recompensa.
Vê qual sou, vê qual és, vê que diferença!
Eu descoro, eu praguejo, eu ardo, eu gemo;
Eu choro, eu desespero, eu clamo, eu tremo;
Em sombras a razão se me condensa.
Tu só tens gratidão, só tens brandura,
E antes que um coração pouco amoroso
Quisera ver-te uma alma ingrata e dura.
Talvez me enfadaria aspecto iroso,
Mas de teu peito a lânguida ternura
Tem-me cativo e não me faz ditoso.
Bocage
Odivelas, 27 de Março de 2006.
11 Comments:
...um grande sonhador!!!
Diva dos sonhos,
E sonhar não é bom?
Já fiz uma visita ao seu blog.
Cumprimentos,
Manel
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Coca-Cola,
Esse Manel, Manel, faz-me lembrar a "outra":
«Romeiro, romeiro! Quem és tu?» O romeiro, apontando com o bordão para o retrato de D. João de Portugal: «Ninguém.»
in, Frei Luís de Sousa, de Almeida Garrett
Mas, ia eu a dizer, obrigado pela tua colaboração.
Um bom fim de tarde e um óptimo serão é o que te desejo.
Um beijinho,
Manel
Coca-Cola,
Olá. Boa tarde.
E eu que vi o filme em miúdo também saí de lá cheio de pena da filha do casal.
Penso que percebi o teu "Manel, Manel" e aproveitei para fazer aquela observação.
E vais rever em breve esta obra! Parece que advinhei.
Recebeste o meu e-mail?
A "logo-tipo" da coca-cola não está a abrir. O que é que lhe fizeste?
Um beijinho,
Manel
Gostei!
Bjs
Maneli.sabes ke Bocage, era o meu poeta favorito?
talvez por causa dos versos e me andarem a esconder sempre o livro com a sua poesia,,mas tem graça, as anedotas(?) dele, eram sempre referenciadas ...
Como o Padre Amaro!
Estou a reler, deliiciada!
Grazie
Bianita!
MAGRO, DE OLHOS AZUIS
Magro, de olhos azuis, carão Moreno,
Bem servido de pés, meão na altura,
Triste de facha, o mesmo de figura,
Nariz alto no meio, e não pequeno;
Incapaz de assistir num só terreno,
Mais propenso ao furor do que à ternura,
Bebendo em níveas mãos por taça escura
De zelos infernais letal veneno;
Devoto incensador de mil deidades
(Digo, de moças mil) num só momento,
E somente no altar amando os frades;
Eis Bocage, em quem luz algum talento;
Saíram dele mesmo estas verdades
Num dia em que se achou mais pachorrento.
Manel,
Não ficou muito "organizado", o soneto do Bocage que deixo aqui, nem mesmo o que escrevo agora. Porém, a minha seleção participativa, gostei demais: o Bocage, se autobiografando em versos.
Beijnhos amigo!
Mayra
AB,
O ingrato agradece.
Hoje chega o meu passarinho de Gent e o meu coração vai andar menos em sobressalto.
Bom fds e um beijinho,
Manel
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Mayra,
Gosto muito deste seu auto-retrato.
Muito obrigado pela tua valiosa participação.
Já não falamos faz tempo. Temos que converar.
Um bom fds e um beijinho,
Manel
Bianita,
Ai que nas respostas saltei o teu nome e tu não me vais perdoar.
Então com idade para bonecas, andava a ler Bocage às escondidas!!! Eu bem me parecia que eras precoce...
Hoje já falámos. Bom fds e um beijinho,
Manel
Coca-Cola,
Obrigado pelo sábado que me desejaste. Já vamos nas 17h de domingo.
Mas que rica colaboração aqui deixas, com um toque de boa disposição. Era safado, engraçado e genial.
Um beijinho,
Manel
Amigo Manel
Por motivos de saude não tenho ido ás páginas, te deixo aqui o meu abraço carinhoso, a ti e aos teus, amanhã talvez te telefone, sim?
Amiga do coração
São Percheiro
Sãozinha,
A tua saúde é que eu quero ver melhorada. O resto tem tempo, pode esperar. Preocupa-te contigo, em pôr-te boa.
Um beijinho e um abraço dos três que gostam muito de ti.
Manel
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