Poema da Semana
João Roiz de Castelo-Branco, de quem pouco se sabe, não precisou de deixar no Cancioneiro Geral (1516) mais do que esta cantiga, para se celebrizar na história da poesia portuguesa como um artista da forma e um verdadeiro poeta.
Branquinho da Fonseca
Cantiga, Partindo-se
Senhora, partem tam tristes
Meus olhos por vós, meu bem,
Que nunca tam tristes vistes
Outros nenhuns por ninguém.
Tam tristes, tam saudosos,
Tam doentes da partida,
Tam cansados, tam chorosos,
Da morte mais desejosos
Cem mil vezes que da vida.
Partem tam tristes os tristes,
Tam fora d'esperar bem,
Que nunca tam tristes vistes
Outros nenhuns por ninguém.
João Roiz de Castelo-Branco
13 Comments:
Olá Palhares!
Bonita canção de amor!
Já resolvo o problema do blog...Tive de repôr o template, já estava corrompido...
Bjinhos
Olá Palhares
Lindoooooooo!!
Não conhecia este poeta, mas pelos vistos também se conhece pouca obra
e que será um homónimo de Amato Lusitano que foi médcio ilustre à época.
Dá-nos mais lições, eu gosto!!
Um beijo
MManuel
AB,
Mais antigo que isto ainda tenho D.Dinis.
Fico contente por teres resolvido o problema do blog.
Um beijinho,
Manel
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Maria Manuel,
Depois de mais de uma hora de pesquisa, posso-te dizer, com alguma certeza, que este joão Roiz Castelo-Branco que consta do Cancioneiro Geral e dos arquivos da Biblioteca Nacional, não me parece ser o João Rodrigues, albicastrense, que posteriormente adoptou o nome de Amato Lusitano e que Castelo Branco homenageia com estátua, jardim e dando o seu nome ao hospital local. Mas não tenho certezas e muito menos tenho pertensões de estar aqui a dar lições. Não sejas assim menina grande, não sejas má para mim, como eras quando não me ligavas nenhum no Bacalhau Garden.Lol! Isto é de todos e para nos divertirmos e se alguém puder trazer luz às trevas do nosso desconhecimento, tanto melhor. Lol!
Um beijinho,
Manel
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Coca-Cola,
Tu só conheces coisas lindas e ainda tens dúvidas quanto ao sucesso do teu projecto?!
Já expliquei, em epígrafe, à Maria Manuel o que encontrei.
Fico à espera de uma resposta " como deve ser".
Recebi o e-mail e vou responder.
Um beijinho,
Manel
Manel,
Depois que lí aqui "Cantiga,Partindo-se", não fiz outra coisa senão procurar outro poema do João Roiz...resultado: não encontrei mesmo e olha que a pesquisa foi grande!
Amei ...adorei!!! A tua escolha foi maravilhosa. Eu não conhecia o poeta e confesso que nem o poema também.
Um beijo,
Mayra
Mayra,
Mesmo no Cancioneiro Geral só é encontrado este poema.
Deixo-te aqui em anexo um pequeno resumo da pesquisa que fiz.
Um beijinho,
Manel
Anexo -
Cancioneiro Geral de Garcia de Resende
Colectânea de poesia palaciana portuguesa publicada em 1516 por iniciativa de Garcia de Resende, que assim pretendia conservar para a posteridade um registo das grandezas dos portugueses.
O cancioneiro geral inclui composições de vários géneros, em português e castelhano, de cerca de trezentos autores, datadas da segunda metade do século XV e de inícios do século XVI, produzidas nas cortes dos reis D. Afonso V, D. João II e D. Manuel. Os poemas reflectem o ambiente palaciano e aristocrático em que foram criados e, a par de manterem algumas características do lirismo peninsular, denotam já influências de Dante e Petrarca. O Cancioneiro Geral inclui poesia amorosa, satírica, religiosa, histórico-épica e dramática. Alguns poetas nele incluídos merecem ser destacados — são os casos de Diogo Brandão, Duarte de Brito, Jorge d'Aguiar, o conde de Vimioso, João Roiz de Castel-Branco, Bernardim Ribeiro, Sá de Miranda, e o próprio Garcia de Resende.
Manel,
Agradeço a gentileza!Foi de imensa valia a tua ajuda para enriquecer aos meus poucos conhecimentos.
Beijo,
Mayra
Manel,
Amigo que engrandeces
Com a escrita os amigos teus
Com um sorriso enterneces
Os sorrisos dos amigos meus
Tão alegres, tão bonitos
Tão felizes pela chegada
Tão sinceros, desmedidos
Ternurentos, delicados
E cem mil vezes aconchegada
Por vê-los tão felizes
Qu´alma sorri também
Porque nunca tão alegres vistes
A tantos outros ou alguém
Mayra,
Não tens nada que agradecer. Foi um prazer.
Não gosto que os meus amigos se subestimem. Eu também não sabia e fui pesquisar.
Um beijinho,
Manel
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Coca-Cola,
Mais uma vez a força da tua capacidade para estas coisas. Ontem, no MGM, pedia-te para ouvires a opinião de quem percebesse desta coisa dos versos, acerca da tua capacidade para os mesmos. Dizia-te também que havia qualquer coisa, na tua capacidade para versejar, que me fazia recordar o António Aleixo.
Um beijinho,
Manel
Coca-Cola, Coca~cola, Coca-Cola,
Esvrevo o teu nome três vezes porque vou responder aos teus três comentários!
Finalmente acabei de chegar a casa com o assunto do acidente resolvido; faz hoje 33 dias e toda a burocracia cansa e aborrece.
POST 1 - Pois é verdade o que te digo. Pede uma opinião a pessoa isenta que perceba do assunto e vais ver que há qualquer coisa na tua criação. Verás! Nunca te desfaças desses cadernos!
POST 2 - Ao blog ainda não fui, mas lá irei...
POST 3 - Pois! Esse malvado, o Roiz, tem-me feito perder horas e vou acabar por aceitar a opinião de Branquinho da Fonseca, que diz que ele apenas escreveu esta cantiga, a qual é a única dele que consta do Cancioneiro Geral.
Do João Rodrigues/Amato Lusitano existe muito mais documentação e fartou-se de "passear" pela Europa. Como era judeu fugia da Inquisição.Aqui fica um "copy/paste" tirado de Vidas Lusófonas.
Em 1559, pensou, e bem, que a única forma de não ser apanhado num abraço de morte por aqueles braços que se lhe estendiam, era ir viver e fixar-se em lugar onde a Inquisição não pudesse realmente chegar.
(...)Resolveu fixar-se então em Salónica que se encontrava sob o domínio do Sultão da Turquia.
E em boa hora o fez, pois ali pôde viver tranquilo e em paz, até a morte o ter apanhado, apenas com 57 anos de idade, durante uma epidemia de peste, e quando contra ela combatia.
Como médico, podemos dizer que morreu em combate.(...)
E...Coca-Cola, está repondido.
Um beijinho e bom FDS,
Manel
Olá Palhares,
é de facto um lindo poema, diz-se que se refere a uma linda Dama da Côrte, de quem este João Roiz era apaixonado. O Cancioneiro Geral de Garcia de Resende tem pelo menos mais duas composições de João Roiz de Castel-Branco: - uma carta ao seu primo António Pacheco ( Vedor da Moeda de Lisboa), e umas trovas que mandou a Antão da Fonseca (Comendador do Rosmaninhal).
João Roiz de Castelo Branco, foi também contador da Fazenda, Fidalgo da Casa Real, etc. acompanhou el Rei na Tomada de Alcácer Ceguer.
Nasceu provavelmente em Lisboa, cerca de 1500, filho de D. Rui Gonçalves de Castelo-Branco - Fidalgo da Casa Real, Do Conselho do Rei D. Afonso V e de sua mulher e prima D. Guiomar Vaz de Castelo-Branco.
Casou com D. Catarina Vaz de Sequeira, sobrinha neta do Mestre de Aviz - D. Fernão Rodrigues de Sequeira, de quem teve vários filhos.
Penso que está sepultado em Castelo Branco, cidade com que tinha fortes ligações.
O recém criado Parque dos Poetas, em Oeiras, tem entre outras, uma estátua em homenagem a este poeta, que é considerado por muitos como um dos melhores do seu tempo.
Cumprimentos,
Anónimo,
Muito obrigado pela sua valiosa colaboração, principalmente no que concerne à estátua de João Roiz Castelo-Branco que diz existir no Parque dos Poetas em Oeiras.
Porém continua a persistir a dúvida.
João Roiz Castelo-Branco e
João Rodrigues Castelo-Branco, mais tarde conhecido por Amato Lusitano eram a mesma pessoa?!
É que este último, embora de Castelo Branco, para fugir à Inquisição, morreu em Salónica, que na altura era dominada pelo Sultão da Turquia. Leia, por favor, o meu comentário que antecede o seu.
Cumprimentos,
Manuel P.
Caro Palhares,
Apesar de homónimos,contemporâneos e ambos ligados à (então) vila de castelo branco, creio que não se confundem.
O ilustre Dr. João rodrigues de Castelo Branco, nasceu provavelmente em 1511, mas nunca antes de 1508.
O outro João Roiz de Castel-Branco, nasceu antes:-há pelo menos dois documentos que atestam esse facto, um dos quais, uma carta de venda, datado de 14.IX.1502, em que João Roiz de Castel-Branco, fidalgo da Casa Real, figura como comprador de dois quinhões de uma herdade, os "Chãos de D. Bento", sita para além do rio Ponsul e da qual ele já era co-proprietário.
Importa também notar que este João foi investido no cargo de Contador da Fazenda, na comarca e almoxarifado da Guarda, em 21.8.1515, altura em que Amato Lusitano teria apenas 5 anos.
Importa ainda notar que o foro de Fidalgo da Casa Real era exclusivo da nobreza. A origem judaica não permitia o acesso a essa condição, o que era o caso de Amato.
Cumprimentos.
cu
Anónimo,
Apesar de lamentar dirigir-me a si assim, não tenho outro nome para lhe chamar.
Muito obrigado pela sua mais que preciosa colaboração.
Aceitando como historicamente correcta as informações por si prestadas, finalmente, os interessados têm aqui a resposta que tanto queriam.
Será muito abuso da minha parte pedir-lhe a sua colaboração para os temas que aqui entender levantar? Se assim o entender, use a "Caixa de Correio dos Leitores" que tudo será editado.
Cumprimentos,
Manuel P.
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