Poetisa da Semana: Cecília Meireles
Motivo
Eu canto porque o instante existe
e a minha vida está completa.
Não sou alegre nem sou triste:
sou poeta.
Irmão das coisas fugidias,
não sinto gozo nem tormento.
Atravesso noites e dias
no vento.
Se desmorono ou se edifico,
se permaneço ou me desfaço,
- não sei, não sei. Não sei se fico
ou passo.
Sei que canto. E a canção é tudo.
Tem sangue eterno a asa ritmada.
E um dia sei que estarei mudo:
- mais nada.
Cecília Meireles
12 Comments:
Mais uma que adoro
"Pus o meu sonho num navio
e o navio em cima do mar
-depois abri o mar com as mãos
para o meu sonho naufragar...."
Um beijo pelas óptimas escolhas
MManuel
Maria Manuel,
Que lindo o que aqui nos deixas.
Obrigado.
Um beijinho.
Manel
Manel,
Difícil é eu encontrar um poema da Cecília Meireles que eu não goste.
Como ví, a MManuel também e para os dois, deixo aqui o "4º motivo da rosa"....bem curtinho, mas DIZ muito.
Um beijo para os dois,
Mayra
4o. Motivo da rosa
Não te aflijas com a pétala que voa:
também é ser, deixar de ser assim.
Rosas verá, só de cinzas franzida,
Mortas, intactas pelo teu jardim.
Eu deixo aroma até nos meus espinhos
Ao longe, o vento vai falando de mim.
E por perder-me é que vão me lembrando,
Por desfolhar-me é que não tenho fim.
Murmúrio (Cecília Meireles)
Traze-me um pouco das sombras serenas
que as nuvens transportam por cima do dia!
Um pouco de sombra, apenas,
- vê que nem te peço alegria.
Traze-me um pouco da alvura dos luares
que a noite sustenta no teu coração!
A alvura, apenas, dos ares:
- vê que nem te peço ilusão.
Traze-me um pouco da tua lembrança,
aroma perdido, saudade da flor!
- Vê que nem te digo - esperança!
- Vê que nem sequer sonho - amor!
Manel,
Vê aqui se existe um "murmúrio" mais gritante que este!!!!!
Beijinhos,
Mayra
Mayra,
Fabulosos, encantadores, desprendidos...
Obrigado.
Um beijinho,
Manel
Gargalhada
Homem vulgar! Homem de coração mesquinho!
Eu te quero ensinar a arte sublime de rir.
Dobra essa orelha grosseira, e escuta
o ritmo e o som da minha gargalhada:
Ah! Ah! Ah! Ah!
Ah! Ah! Ah! Ah!
Não vês?
É preciso jogar por escadas de mármores baixelas de ouro.
Rebentar colares, partir espelhos, quebrar cristais,
vergar a lâmina das espadas e despedaçar estátuas,
destruir as lâmpadas, abater cúpulas,
e atirar para longe os pandeiros e as liras...
O riso magnífico é um trecho dessa música desvairada.
Mas é preciso ter baixelas de ouro,
compreendes?
— e colares, e espelhos, e espadas e estátuas.
E as lâmpadas, Deus do céu!
E os pandeiros ágeis e as liras sonoras e trêmulas...
Escuta bem:
Ah! Ah! Ah! Ah!
Ah! Ah! Ah! Ah!
Só de três lugares nasceu até hoje essa música heróica:
do céu que venta,
do mar que dança,
e de mim.
Beijinho Manel e bom dia
Esqueci-me de dizer que a poesia é de Cecília Meireles
Sorry
HISTÓRIA DA VIDA
“A vida só é possível reinventada”
“- Houve um tempo em que a minha janela se abria para um chalé. Na ponta do chalé brilhava um grande ovo de louça azul. Nesse ovo costumava pousar um pombo branco. Ora, nos dias límpidos, quando o céu ficava da mesma cor do ovo de louça, o pombo parecia pousado no ar. Eu era criança, achava essa ilusão maravilhosa, e sentia-me completamente feliz. (...)”
(Arte de ser feliz, Escolha seu sonho)
Olá Manel,
Sempre a Cecília tem razão nas afirmações que faz, não acha?
Beijinhos,
Mayra
À memória da avó, falecida em 1932, Cecília dedica uma “Elegia”:
“Minha primeira lágrima caiu dentro de teus olhos”.
Tive medo de a enxugar: para não saberes que havia caído.
No dia seguinte, estavas imóvel, na tua forma definitiva,
Modelada pela noite, pelas estrelas, pelas minhas mãos.
Exalava-se de ti o mesmo frio do orvalho; a mesma claridade da lua.
Vi aquele dia levantar-se inutilmente para as tuas pálpebras,
E a voz dos pássaros e a das águas correr,
- sem que a recolhessem teus ouvidos inertes.
Onde ficou teu outro corpo? Na parede? Nos móveis? No teto?
Inclinei-me sobre o teu rosto, absoluta, como um espelho,
E tristemente te procurava.
Mas também isso foi inútil, como tudo mais.
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Até a morte, assim "vira" um poema....
Beijinhos,
Mayra
Coca-Cola,
Muito obrigado por mais esta linda colaboração.
Um beijinho,
Manel
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Mayra,
Muito obrigado por mais esta preciosa colaboração. Eu também sou suspeito porque gosto muito dela. Acho que tem uma força extraordinária.
Um beijinho,
Manel
CANÇÃO
Nunca eu tivera querido
dizer palavra tão louca:
bateu-me o vento na boca,
e depois no teu ouvido.
Levou somente a palavra
deixou ficar o sentido.
O sentido está guardado
no rosto com que te miro,
neste perdido suspiro
que te segue alucinado,
no meu sorriso suspenso
como um beijo malogrado.
Nunca ninguém viu ninguém
que o amor pusesse tão triste.
Essa tristeza não viste,
e eu sei que ela se vê bem...
Só que aquele mesmo vento
fechou teus olhos, também...
Achei muito lindo.
Boa sexta feira a todos
Beijinhos e abraços
Coca-Cola,
Mais uma linda e preciosa colaboração. Obrigado, bom fim-de--semana e um beijinho,
Manel
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