Beira Meu Amor
A Beira foi o grande amor da minha vida. Recebeu-me com seis anos, em Novembro de 1950 e deixei-a, com a alma em desespero e o coração a sangrar, em 5 de Agosto de 1974. Pelo meio ficaram 24 anos de felicidade. Tive a sorte de estar no lugar certo, na época certa. Fui muito feliz em Moçambique e não me lembro de um dia menos bom. Aos meus pais, irmão, outros familiares, amigos e, principalmente, ao Povo moçambicano, aqui deixo o meu muito obrigado. Manuel Palhares

Acerca de mim
- Nome: Manuel Palhares
- Localização: Odivelas, Lisboa, Portugal
domingo, dezembro 31, 2006
segunda-feira, dezembro 18, 2006
Feliz Natal 2006 e Próspero Ano Novo 2007!

Feliz Natal e Próspero Ano Novo!
Caros amigos,
Estamos a chegar, mais uma vez, à época na qual o mundo cristão comemora o nascimento de Deus feito homem - Jesus Cristo!
Mais um ano se passou e é altura de recordar e agradecer tantos momentos de boa disposição, passados convosco, na troca de mensagens, neste Web World.
Uma palavra especial para aqueles que estão longe de Portugal, espalhados pela Diáspora Lusitana.
Obrigado, pois, a todos, pela vossa disponibilidade, companhia e amizade, ao longo do ano que agora termina.
Um muito Feliz Natal e um muito próspero Ano Novo, ambos cheios de muita alegria, saúde, paz e amor.
Um beijinho ou um fraternal abraço,
Manuel Palhares - Beira Meu Amor
domingo, dezembro 03, 2006
Contos da Natal - O Natal de 1951

Eu e a minha mãe tínhamos chegado à Beira, no paquete Moçambique, da Companhia Nacional de Navegação, em finais de Novembro, numa manhã de sábado. À nossa espera, no cais, louco de alegria, estava o meu querido Pai.
Do cais, fomos para a Pensão Leão de Ouro, na Ponta Gea, junto ao Jardim do Bacalhau e a cinquenta metros do Oceano Índico. Ali passei os primeiros oito meses de Beira: todos os dias ia para a praia, em frente ao Pavilhão Oceana, com a minha querida Mãe! Um mês depois da nossa chegada, foi o Natal e, dele, tenho poucas recordações. Eu só tinha seis anos!
Um ano depois, no Natal de 1951, já nós estávamos a habitar, desde o dia 1 de Agosto, aquela que foi a nossa primeira casa na cidade da Beira. Era uma casa que pertencia à Companhia Nacional Algodoeira e que foi cedida ao meu pai por uns meses. Essa casa, situava-se num pequeno largo que existia nas trazeiras da vivenda que ficava em frente ao Teatro Eduardo Brazão, perto, portanto, da Catedral da Beira e da Escola Eduardo Vilaça. Mas, o que eu quero mesmo, é aqui deixar o relato do que foi esse Natal e, pricipalmente, os dias que o antecederam.
Nessa altura já eu frequentava, desde o princípio de Setembro, a 1ª classe no Colégio Nossa Senhora dos Anjos (vulgo "Ma Mères"), e, portanto, já estava iniciado no significado religioso da data, para além, claro, daquilo que a minha mãe me ia ensinando. A minha excitação era muita, assim como o meu encantamento pela época.
Na semana que precedeu o Natal, eu e a minha mãe, por volta das quatro horas da tarde, metíamo-nos no autocarro, em frente à Catedral, e íamos ter com o meu pai, junto ao Café Scala. Dali, atravessávamos a rua e íamos lanchar ao velho Empório. Para mim esses lanhes eram um acontecimento: eram lanches com música ao vivo! É verdade! Alguns dos que aqui, eventualmente, farão o favor de me lerem, por certo se lembrarão dos fins de tarde daquela altura na Beira. Havia lanches com música ao vivo em vários locais da Beira: no salão de chá do velho Empório, no Beira Terrace, no Hotel Savoy, no Hotel Miramar e, por vezes, no pavilhão Oceana. A Beira era uma cidade com hábitos que imitavam o estilo de vida colonial inglês, das colónias inglesas vizinhas. Mas, voltando aos assuntos natalícios, depois do lanche, íamos ao Empório loja e os meus pais iam fazendo as compras para a época festiva que se aproximava, comigo sempre atento ao que compravam. Depois, também de autocarro, por volta das sete horas, regressávamos a casa. Num desses dias, por muita insistência minha, o meu pai lá comprou uma árvore de natal artificial e os respectivos enfeites. Chegados a casa e porque eu não me calava com tanta excitação, os meus pais armaram aquela que foi a nossa árvore de natal durante os seguintes vinte e quatro anos! Como eu ainda me lembro de todo aquele ambiente de grande alegria para mim, pricipalmente quando, na vépera de Natal, à noite, depois da Consoada, o meu pai acendeu umas velas que se colocavam na árvore de natal, dentro de uns pequenos castiçais, os quais se prendiam aos ramos da árvore por uma pequena mola.
Ainda me lembro da minha prenda nesse Natal: foi um carro vermelho que se movia com a ajuda de uma pequena bomba de ar.
Claro que naquela altura eu ainda não tinha definido o conceito de felicidade, mas que a minha alegria e bem estar eram enormes, lá isso eram e tudo isso graças aos meus queridos e saudosos pais.
Aproveito este relato, sem muita graça, mas cheio de doce nostalgia, do Natal de 1951, em Moçambique, na cidade da Beira, para desejar a todos os meus amigos e seus familiares, assim como a outros eventuais leitores, um muito Feliz Natal de 2006, com muita saúde, paz e alegria.
Um apertado abraço do,
Manuel Palhares
Odivelas, 3 de Dezembro de 2006.