Beira Meu Amor

A Beira foi o grande amor da minha vida. Recebeu-me com seis anos, em Novembro de 1950 e deixei-a, com a alma em desespero e o coração a sangrar, em 5 de Agosto de 1974. Pelo meio ficaram 24 anos de felicidade. Tive a sorte de estar no lugar certo, na época certa. Fui muito feliz em Moçambique e não me lembro de um dia menos bom. Aos meus pais, irmão, outros familiares, amigos e, principalmente, ao Povo moçambicano, aqui deixo o meu muito obrigado. Manuel Palhares

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quinta-feira, março 04, 2010

CASIMIRO DE ABREU - Biografia - Obras - Poema " Meus Oito Anos" - Paulo Autran

1 - CASIMIRO DE ABREU

Poeta brasileiro nascido em Barra de São João (Rio de Janeiro) a 4 de janeiro de 1839.
Era filho de pai português e mãe brasileira. De saúde fraca e vida boêmia, como outros poetas, seus contemporâneos, morreu jovem, vítima de tuberculose.
A maioria dos biógrafos acusa o pai de haver contrariado o natural pendor literário, coagindo-o a trabalhar no comércio e apenas lhe propiciando instrução primária, feita no Instituto Freese, em Nova Friburgo. Parece, entretanto, que a oposição paterna não era contra as atividades poéticas do filho e sim contra seus excessos de boêmia poética, tanto que lhe custeou uma viagem a Portugal, bem como a edição de As Primaveras. Logo após a publicação deste livro, chamou de volta à terra natal o filho, que pouco depois sucumbia à doença. 
Casimiro de Abreu pertenceu à Segunda Geração do Romantismo Brasileiro. Suas obras :
(1) Poesia : As Primaveras (1859), (2) Ficção : Camila; Carolina, (3) Teatro : Camões e Jau (drama camoniano, 1856); Obras Completas.
Faleceu no dia 18 de outubro de 1860, na cidade de Nova Friburgo, estado do Rio de Janeiro.

2 - Poema de Casimiro de Abeu: Meus Oito Anos!

Oh! que saudades que tenho
Da aurora da minha vida,
Da minha infância querida
Que os anos não trazem mais!
Que amor, que sonhos, que flores,
Naquelas tardes fagueiras
À sombra das bananeiras,
Debaixo dos laranjais!

Como são belos os dias
Do despontar da existência!
- Respira a alma inocência
Como perfumes a flor;
O mar - é lago sereno,
O céu - um manto azulado,
O mundo - um sonho dourado,
A vida - um hino d'amor!

Que aurora, que sol, que vida,
Que noites de melodia
Naquela doce alegria,
Naquele ingênuo folgar!
O céu bordado d'estrelas,
A terra de aromas cheia
As ondas beijando a areia
E a lua beijando o mar!

Oh! dias da minha infância!
Oh! meu céu de primavera!
Que doce a vida não era
Nessa risonha manhã!
Em vez das mágoas de agora,
Eu tinha nessas delícias
De minha mãe as carícias
E beijos de minhã irmã!

Livre filho das montanhas,
Eu ia bem satisfeito,
Da camisa aberta o peito,
- Pés descalços, braços nus -
Correndo pelas campinas
À roda das cachoeiras,
Atrás das asas ligeiras
Das borboletas azuis!

Naqueles tempos ditosos
Ia colher as pitangas,
Trepava a tirar as mangas,
Brincava à beira do mar;
Rezava às Ave-Marias,
Achava o céu sempre lindo.
Adormecia sorrindo
E despertava a cantar!

Oh! que saudades que tenho
Da aurora da minha vida,
Da minha infância querida
Que os anos não trazem mais!
- Que amor, que sonhos, que flores,
Naquelas tardes fagueiras
À sombra das bananeiras
Debaixo dos laranjais!

3 - Poema Meus Oito Anos dito por Paulo Autran no You Tube:
 http://www.youtube.com/watch?v=q_4OvOWJEOc

Manuel Palhares
Odivelas, 4 de Março de 2010.

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