Beira Meu Amor

A Beira foi o grande amor da minha vida. Recebeu-me com seis anos, em Novembro de 1950 e deixei-a, com a alma em desespero e o coração a sangrar, em 5 de Agosto de 1974. Pelo meio ficaram 24 anos de felicidade. Tive a sorte de estar no lugar certo, na época certa. Fui muito feliz em Moçambique e não me lembro de um dia menos bom. Aos meus pais, irmão, outros familiares, amigos e, principalmente, ao Povo moçambicano, aqui deixo o meu muito obrigado. Manuel Palhares

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domingo, julho 25, 2010

O que penso?!

O que penso, perguntas tu.
Mas quem és tu,
Que me perguntas o que penso?!
Em reflexões me adenso
Por pensar
Que não sei quem é
Aquele que me pergunta
O que penso.
Mas como responder,
Satisfazer tua curiosidade,
Se com a idade,
Eu mesmo já não acredito
Naquilo em que penso?!

Manuel Palhares
Odivelas, 25 de Julho de 2010.

sexta-feira, julho 16, 2010

O valioso tempo dos maduros - de Mário de Andrade

O VALIOSO TEMPO DOS MADUROS

Contei meus anos e descobri que terei menos tempo para viver daqui para a frente do que já vivi até agora.


Tenho muito mais passado do que futuro.


Sinto-me como aquele menino que recebeu uma bacia de cerejas.


As primeiras, ele chupou displicente, mas percebendo que faltam poucas, rói o caroço.


Já não tenho tempo para lidar com mediocridades.


Não quero estar em reuniões onde desfilam egos inflamados.
Inquieto-me com invejosos tentando destruir quem eles admiram, cobiçando seus lugares, talentos e sorte.


Já não tenho tempo para conversas intermináveis, para discutir assuntos inúteis sobre vidas alheias que nem fazem parte da minha.


Já não tenho tempo para administrar melindres de pessoas, que apesar da idade cronológica, são imaturos.


Detesto fazer acareação de desafectos que brigaram pelo majestoso cargo de secretário-geral do coral.


'As pessoas não debatem conteúdos, apenas os rótulos'.
Meu tempo tornou-se escasso para debater rótulos, quero a essência, minha alma tem pressa...


Sem muitas cerejas na bacia, quero viver ao lado de gente humana, muito humana; que sabe rir de seus tropeços, não se encanta com triunfos, não se considera eleita antes da hora, não foge de sua mortalidade,


Caminhar perto de coisas e pessoas de verdade,


O essencial faz a vida valer a pena.


E para mim, basta o essencial!


Mário de Andrade (1893 - 1945)


Fonte: http://www.pensador.info/frase/NjI4OTcy/



Mário Raul de Morais Andrade (1893 - 1945) foi um poeta, romancista, crítico de arte, musicólogo e ensaísta brasileiro. Foi um dos criadores do modernismo no Brasil.

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