O Poeta da Semana : António Gedeão
Impressão digital
Os meus olhos são uns olhos.
E é com esses olhos uns
que eu vejo no mundo escolhos
onde outros, com outros olhos,
não vêem escolhos nenhuns.
Quem diz escolhos diz flores.
De tudo o mesmo se diz.
Onde uns vêem luto e dores,
uns outros descobrem cores
do mais formoso matiz.
Nas ruas ou nas estradas
onde passa tanta gente,
uns vêem pedras pisadas,
mas outros gnomos e fadas
num halo resplandecente.
Inútil seguir vizinhos,
querer ser depois ou ser antes.
Cada um é seus caminhos.
Onde Sancho vê moinhos
D. Quixote vê gigantes.
Vê moinhos? São moinhos.
Vê gigantes? São gigantes.
António Gedeão
Fonte: Gedeão, António (2004) . Obra Completa. Lisboa: Relógio D' Água.
12 Comments:
Adoro Gedeão. Aliás adoro POESIAe não sei rimar. Incongruências da vida.Acho uma ideia belissima esta de um poeta por semana. Continua que eu continuo a cá vir e apreciar. A outra anonima era eu que me esqueci de assinar.
Um beijo
MManuel
MManuel,
Olá, boa tarde e obrigado pela visita.
Então eras tu o/a anónimo/a?! Ainda bem. Isto porque para mistério, já tenho um para desvendar e que penso nunca o vir a conseguir: Quem é a misteriosa amiga que se assina Coca-Cola?
É uma poetisa de mão-cheia e diz que já trocou mensagens comigo no messenger. Pois sim. De pouco me vale, porque está a conseguir esconder-se muito bem, a pestinha.
Pois amiguinha grande, lá terás o teu poeta/poetisa por semana.
Um beijinho do miúdo desdentado com quem te cruzaste no Jardim do Bacalhau.
Manel
Meu caro Manel,
Aflito? Tu? foi uma impressão mal colhida, ainda por cima em verso... Aqui neste cantinho, bastas seres tu, nos teus escritos de grande valôr que se enquadram com o nosso convívio, e sem qualquer favor o enriquecem...
Vá toca lá a oferecer, o que bem sabes fazer, e que tanto gostamos. Eu sou leitor assíduo, ás vezes de pantufas, mas sou!
Um abração Ricky
Manuel,
trata-se duma simples experiência.
Um beijinho da, Aida
Ricky, meu amigo,
Muito obrigado pela visita e pelas amáveis palavras que me diriges.
Então, descansado e de pantufas é que se está bem.
Um grande abraço,
Manel
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Aida, minha amiga,
Experiência ou não, o certo é que já cá deixas um ar da tua graça.
Agora volta sempre.
Um beijinho,
Manel
Manel,
Nunca disse que tínha trocado mensagens contigo no messenger. Disse sim que troquei msg no MGM. Andas distraído .... andas, andas. E se não fosse essa distracção, já saberias que sou eu...eheheh.
Gedeão....conhecia a Pedra Filosofal e mais nada. Mas fui à procura e encontrei uma coisinha que é uma maravilha.
Chama-se Gota de àgua.
Eu, quando choro,
não choro eu.
Chora aquilo que nos homens
em todo o tempo sofreu.
as lágrimas são minhas
mas o choro não é meu.
Gostei muito.
Beijinhos
Coca-Cola,
Olá, boa tarde.
Tens toda razão: não disseste no messenger e sim no MGM.
Desde domingo que ando mais
atordoado que distraído, mas a coisa há-de ir ao sítio.
Muito bonita a dualidade do
empréstimo que Gedeão faz às dores da humanidade, em "Gota de Água".
E, já agora.
Ó mistério deste blog:
Ó sal, ó pimenta!
Que sem ti
Tão sem graça,
Ficava toda a ementa.
Lá suspeitar,
Eu suspeito.
Mas não digo.
Porque se digo,
O mistério
Fica desfeito.
E o que quero
E o que digo,
É contar
Sempre contigo,
E em coisas de amigo,
Nada ficar sem efeito.
Um beijinho,
Manel
Pedra Filosofal
(António Gedeão)
Eles não sabem, nem sonham,
que o sonho comanda a vida
Que sempre que um homem sonha
o mundo pula e avança
como bola colorida
entre as mãos de uma criança.
***
Manel,
Eis a minha participação para a "Semana do Poeta".
Beijinhos,
Mayra
Mayra,
Muito obrigado pela tua colaboração na rúbrica "O Poeta da Semana", com este cheirinho da "Pedra Filosofal" do António Gedeão.
Um beijinho,
Manel
Muito boa ideia esta, de escolheres um poeta por semana!
Cá estarei para os ler ...
Neste poema sou o Sancho por duas razões:
-sou gordita...
-vez moinhos em vez de gigantes...
Sempre foi assim...
Bjinho
Corrijo:
" vejo moinhos em vez...."
Girassol, Girassol,
Sempre virada para o Sol, para a realidade da vida. Sensível, mas racional, com os pés bem acentes no chão.
Eu sou mais Quixote, mas só a fingir que não vejo o que me rodeia.
Os homens ainda não perceberam, mas a natureza está cheia de compensações. Era só segui-las e isto andava melhor.
Um beijinho,
Manel
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