Beira Meu Amor

A Beira foi o grande amor da minha vida. Recebeu-me com seis anos, em Novembro de 1950 e deixei-a, com a alma em desespero e o coração a sangrar, em 5 de Agosto de 1974. Pelo meio ficaram 24 anos de felicidade. Tive a sorte de estar no lugar certo, na época certa. Fui muito feliz em Moçambique e não me lembro de um dia menos bom. Aos meus pais, irmão, outros familiares, amigos e, principalmente, ao Povo moçambicano, aqui deixo o meu muito obrigado. Manuel Palhares

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domingo, fevereiro 26, 2006

De José Craveirinha - Sementeira


SEMENTEIRA

"Cresce a semente
lentamente
debaixo da terra escura.

Cresce a semente
enquanto a vida se curva no chicomo
e o grande sol de África
vem amadurecer tudo
com o seu calor enorme de revelação.

Cresce a semente
que a povoação plantou curvada
e a estrada passa ao lado
macadamizada quente e comprida
e a semente germina
lentamente no matope
imperceptível
como um caju em maturação.

E a vida curva as suas milhentas mãos
geme e chora na sina
de plantar nosso suor branco
enquanto a estrada passa ao lado
aberta e poeirenta até Gaza e mais além
camionizada e comprida.

Depois
de tanga e capulana a vida espera
espiando no céu os agoiros que vão
rebentar sobre as campinas de África
a povoação toda junta no eucalipto grande
nos corações a mamba da ansiedade.

Oh! Dia de colheita vai começar
na terra ardente do algodão!"

1955 1a Versão


Fonte: http://geocities.yahoo.com.br/poesiaeterna/

18 Comments:

Anonymous Anónimo said...

José Craveirinha


Quero Ser Tambor


Tambor está velho de gritar
Oh velho Deus dos homens
deixa-me ser tambor
corpo e alma só tambor
só tambor gritando na noite quente dos trópicos.


Nem flor nascida no mato do desespero
Nem rio correndo para o mar do desespero
Nem zagaia temperada no lume vivo do desespero
Nem mesmo poesia forjada na dor rubra do desespero.


Nem nada!


Só tambor velho de gritar na lua cheia da minha terra
Só tambor de pele curtida ao sol da minha terra
Só tambor cavado nos troncos duros da minha terra.


Eu
Só tambor rebentando o silêncio amargo da Mafalala
Só tambor velho de sentar no batuque da minha terra
Só tambor perdido na escuridão da noite perdida.


Oh velho Deus dos homens
eu quero ser tambor
e nem rio
e nem flor
e nem zagaia por enquanto
e nem mesmo poesia.
Só tambor ecoando como a canção da força e da vida
Só tambor noite e dia
dia e noite só tambor
até à consumação da grande festa do batuque!
Oh velho Deus dos homens
deixa-me ser tambor
só tambor!

Olá Manel,
Com muito gosto, eis aqui a minha contribuição.
Um beijinho,
Mayra

domingo, fevereiro 26, 2006 11:40:00 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Manel
Não conhecia o verso.
E pouco consigo ir lendo.
Porque a dor que descreve eu vi e convivi com ela…
Sou pobre no conhecer literário,
Pois nunca muito tempo tive, a ele me dedicar.
Minha riqueza foi a vivida.
Ao lado dos que maus-tratos, sofriam
Os olhos cedo se me abriram,
Vivi no ceio dos que procuravam denunciar,
Aliviar, ajudar, o que ao nosso lado se fazia
Ninguém mais via ou ouvia.
Senti cada grito do chicote, os gemidos, ou …
Os lamentos da morte nos campos onde o arroz crescia…
O meu coração de menina…
Morria.
O ramo que sustinha os cocos na palmeira, servia.
De manhã para varrer o quintal,
E bater nas mulheres exaustas que caiam,
No lamaçal onde o arroz crescia.
E nas épocas em que nada nascia
Tudo tinham que entregar
A fome assolava e ninguém sentia,
Mas muitas vezes descalça corri, o serpenteado das tembas
E nesta ou naquela palhota arroz ia deixar.
Para tentar apoiar os que a saúde minava.
Este poema é directo, simples…
É um choro que ainda choro.
Porque a dor é ainda igual,
E triste, sinto um nó que não passa.
O viver continua cruel e igual.
Com uma paleta de cores diferente…
Feito de sangue inocente.

Um beijinho da Isabel

Ps:Bem hajas por nos ajudar a ideias arrumar e as dores desabafar.

segunda-feira, fevereiro 27, 2006 2:33:00 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Manel
Ler meu tio Zé sempre me faz tanto bem e uma lágriam cair, e adorei ver o que a Mayra e a Isabel escreveram, lindo!
Pbrigado aos três, obrigado MANEL pelo teu blog que tanto me enche a alma e me sinto pertinho.
Jinhos e um xi grande

segunda-feira, fevereiro 27, 2006 10:47:00 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Só não valia tanto erro meu, me desculpem , snifff! Jinhos

segunda-feira, fevereiro 27, 2006 10:49:00 da tarde  
Blogger Manuel Palhares said...

Mayra,

Muito obrigado minha amiga pela tua preciosa colaboração. Gosto imenso desta poesia.
Um beijinho,

Manel

**********************************

Isabel,

Que maravilha aqui colocas. Estou esmagado pelo poder do que escreves. Lindo. Muito obrigado. Não tens mais com esta categoria? Gostava de os publicar na primeira página, com o teu nome claro.
Um beijinho,

Manel

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Tareca,

Muito obrigado pela tua visita e pelas tuas palavras. Não sabia que eras sobrinha do Craveirinha, mas gostei de ficar a saber. Conheci-o fogazmente no hall do Gil Vicente onde fomos apresentados por amigo comum.
Agora outra coisa. Este cantinho é todo teu. Vem muitas vezes, dá opiniões e escreve o que aqui quiseres.
Um beijinho,

Manel

terça-feira, fevereiro 28, 2006 4:23:00 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Manel, sobrinha de coração, fui criada junto a ele e tia MariA.
Obrigado virei sempre beijosssssssssss

terça-feira, fevereiro 28, 2006 6:41:00 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Olá Palhares. tenho vindo todos os dias ao teu blog e como sempre gosto imenso. Também gosto muito dos contos do Craveirinha. Tinha ideia que já tinha escrito isto por aqui, mas não vejo cá nada. Será que já tou assim chéché?
Um beijo e sempre sempre contigo
MManuel

terça-feira, fevereiro 28, 2006 9:34:00 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

À Isabel,
Como diz o Manel, impressionante e lindo.

*****

Manel,
Espero que depois destes dias de folia e de descanso te sintas melhor e recuperado.

E a minha contribuição:


Grito Negro

Eu sou carvão!
E tu arrancas-me brutalmente do chão
e fazes-me tua mina, patrão.
Eu sou carvão!
E tu acendes-me, patrão,
para te servir eternamente como força motriz
mas eternamente não, patrão.
Eu sou carvão
e tenho que arder sim;
queimar tudo com a força da minha combustão.
Eu sou carvão;
tenho que arder na exploração
arder até às cinzas da maldição
arder vivo como alcatrão, meu irmão,
até não ser mais a tua mina, patrão.
Eu sou carvão.
Tenho que arder
Queimar tudo com o fogo da minha combustão.
Sim!
Eu sou o teu carvão, patrão.

quarta-feira, março 01, 2006 12:44:00 da tarde  
Blogger Manuel Palhares said...

Tareca,

Por vezes as amizades são superiores às ligações de sangue.
Conto sempre contigo e com todos os manos. Já te perguntei várias vezes pela Bebé. Que é feito dela?
Um beijinho para as manas e um abraço para os manos,

Manel

**********************************

Maria Manuel,

Muito obrigado pela tua visita diária.
Não estás nada xexé. Deves ter posto o comentário noutro assunto.
Um beijinho,

Manel

**********************************

Coca-cola,

Estou muito melhor, obrigado. As coisas estão-se a resolver.
Deliciado fiquei com este "Grito Negro" que aqui nos deixas.
Muito obrigado pela tua já indespensável colaboração, minha amiga.
Beijinho,

Manel

quarta-feira, março 01, 2006 5:51:00 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Meu querido que falha minha, desculpa, minha mana, está sem PC e deve mudar de Loulé para Faro, mas quando pode vai á Biblioteca ver os emails.
Mas estão todos bem .
Beijinhos amigo querido

sexta-feira, março 03, 2006 12:36:00 da manhã  
Blogger Manuel Palhares said...

Tareca,

Obrigado pelas notícias da Bébé. Oxalá tudo lhe corra bem na mudança para Faro. Tenho saudades de todos.
Um bom fim-de-semana e um beijinho,

Manel

sexta-feira, março 03, 2006 3:35:00 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Querido Manuel Palhares,

Mal li o poema. Está na altura de ir fazer trabalhos que me aguardam.
Porém, quuero contar que tive a sorte de ter o Craveirinha como colega, na Direcção dos Serviços de Economia e uma sua cunhado também como colega, aqui em Portugal, na Inspecção-Geral de Finanças.

Como colega foi sempre um homem duma afabilidade sem par e apesar de todo o sofrimento que lhe foi infligido, sempre amou os Portugueses. E para mim, esta é uma das maiores qualidades de qualquer pessoa: Amar mesmo aqueles que nos fazem sofrer, sendo de tal maneira grande, que até consegue entender a ignorância que não tem mais de que se valha senão a suposta superioridade que lhe confere a autoridade que injustamente lhes foi atribuída.

Um beijinho muito grande, da Aida

quinta-feira, março 09, 2006 3:49:00 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Querido Manuel Palhares,

É muito curioso. Só não consigo quando escrevo algo sobre o meu irmão!

Será que ele não quere que se diga nada sobre o que foi a sua vida aqui na Terra?

Não acredito nestas coisas. Todavia é estranho que não consiga nunca. Já reescrevi a sua história por umas cinco vezes sem ter conseguido que fossem lidas.

Claro que se trata duma fantasia minha.

Um beijinho com muito carinho da Aida

quinta-feira, março 09, 2006 4:10:00 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Minha querida Aida,

Homens que desculpam, comprendem e até amam o carrasco, para além de Cristo, deve ter havido poucos. Craveirinha era acima de tudo um ser humano especial para além de ser poeta.

No que dizes respeito ao facto de aqui só não entrar o que escreves sobre o teu Irmão, vou já vender o blog. É que um blog onde forças paranormais existem vale muito dinheiro.
Um bom fim-de-semana e um beijinho carinhoso,

Manel

sexta-feira, março 10, 2006 4:44:00 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Querido Manuel Palhares,

Estás a ver!

Vais ver que ainda fazes um grande negócio com este blog!

Claro que alguma coisa falha. Ainda ontem tentei novamente e na altura de sair foi tudo para o espaço.

Um beijinho muito grande, da Aida

terça-feira, março 14, 2006 2:12:00 da tarde  
Blogger Manuel Palhares said...

Minha querida Aida,

Estás a ver! Assim como aqui ficou esta mensagem, têm que ficar todas as outras que escrevas, se não te enganares a colocar aquelas letras distorcidas do código de segurança. Olha que eu também me engano muitas vezes, mas não desisto até acertar no código e ver lá a mensagem.
Continuo pois, à espera de ler o que queiras contar sobre o teu mano.
Um grande beijinho do amigo sempre ao dispor,

Manel

terça-feira, março 14, 2006 4:24:00 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Manuel Palhares, meu querido amigo,

Aqui estou eu para uma nova tentativa.

Agora vou sair para o blog e voltar de novo para escrever sobre o meu irmão.

um beijinho da, Aida

quinta-feira, março 16, 2006 2:11:00 da tarde  
Blogger Manuel Palhares said...

Minha querida amiga Aida,

Cá estou à espera.
Até agora ainda nada chegou!
Espero que consigas, pois só tens que fazer os meus procedimentos que fizeste, para enviares este e os outros comentários que me tens escrito.
Um bom fim-de-semana eum beijinho,

Manel

sexta-feira, março 17, 2006 11:37:00 da manhã  

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