Beira Meu Amor

A Beira foi o grande amor da minha vida. Recebeu-me com seis anos, em Novembro de 1950 e deixei-a, com a alma em desespero e o coração a sangrar, em 5 de Agosto de 1974. Pelo meio ficaram 24 anos de felicidade. Tive a sorte de estar no lugar certo, na época certa. Fui muito feliz em Moçambique e não me lembro de um dia menos bom. Aos meus pais, irmão, outros familiares, amigos e, principalmente, ao Povo moçambicano, aqui deixo o meu muito obrigado. Manuel Palhares

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domingo, janeiro 29, 2006

Não Tenho Certezas

Não tenho certezas de nada,
Sei apenas que a vida
Não é só a preto e branco,
Mas sim de todas as cores.
Nada é absoluto,
Definitivo só a morte...
Que mania de nos obrigar
A escolher entre opostos:
Branco ou preto?
Grande ou pequeno?
Lindo ou feio?
Eu ou ele?
Ela ou eu?
Tudo ou nada?
Ou isto ou o seu antónimo?
O protagonismo e a inveja,
São patéticos, são mórbidos,
E desgastam e corroem quem os tem:
Como te chamas?
De onde és, onde nasceste?
Para onde vais, o que fazes?
Onde moras, onde trabalhas?
Tens dinheiro? Quanto?
E casas? E carros? E relógios? E barcos?
De que marca, de que marca é que são?
Estou farto, porra...
Vão à merda, deixem-me em paz,
Não me chateiem!
Não gosto que me empurrem,
Não me importam essas coisas,
Não gosto de escolher!
O que eu gosto é de acordar,
Ir até à janela e cumprimentar o dia:
- Olá! Como estás?
Cheiras bem, estás lindo!
Ainda bem que ainda existes...
Porquê?

Não posso?
Estou a roubar qualquer coisa,
Ou a tirar o que é vosso?
Quando morrer...
Não quero ocupar talhão,
Ou mausoléu em cemitério.
Quero ser cremado,
Quero voltar à terra,
Quero voltar a ser pó...



Manuel Palhares

Odivelas, 2 de Agosto de 2005.

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