Beira Meu Amor

A Beira foi o grande amor da minha vida. Recebeu-me com seis anos, em Novembro de 1950 e deixei-a, com a alma em desespero e o coração a sangrar, em 5 de Agosto de 1974. Pelo meio ficaram 24 anos de felicidade. Tive a sorte de estar no lugar certo, na época certa. Fui muito feliz em Moçambique e não me lembro de um dia menos bom. Aos meus pais, irmão, outros familiares, amigos e, principalmente, ao Povo moçambicano, aqui deixo o meu muito obrigado. Manuel Palhares

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Localização: Odivelas, Lisboa, Portugal

domingo, janeiro 29, 2006

É Mentira


Não, não, não...
Não é verdade
É tudo mentira.
Eu vivo num mundo sem guerras
Sem crianças a morrer de fome
Sem pobres mães a chorar
Por não terem nada para lhes dar.
O que leio nos jornais
O que vejo na Tê Vê...
É tudo mentira, é engano
É só para vender papel
Para subir audiências
Com quem lê e com quem vê....
Não há pavor nem terror
Por este mundo que sangra
Por este mundo que morre...
Tudo o que lemos e vemos
São mentiras, são invenções
São os media que nos enganam
Por causa disso dos “ shares”
Aquilo são só ilusões.
Senhores do mundo
Senhores do dinheiro e das armas
Senhores da paz e da guerra
Já não há água que vos lave o sangue das mãos
Pelo menos, aqui, à face da Terra.
Governantes cá deste pobre globo
Continuai a reunir, a falar e a decidir
Continuai a conversar e entre vós repartir
Aquilo que não é vosso mas sim do povo.
Deitai-vos e descansai senhores
Dormi o sono dos justos...
Que nós já não sentimos dores
Estamos anestesiados, dormentes
Já não nos importa os sustos.
Estamos cansados, exangues
Definhados pela luta para sobreviver
Que já nada nos importa
Apenas queremos a vida
Apenas queremos viver.
E neste mundo onde reina tanto mal,
Que vós estragastes, destruístes,
Não vos esqueceis que isto agora é global...
Aproveitai enquanto vos for possível
A terra esventrai, dela arrancai tudo,
Como quem rasga o ventre a uma mãe...
Poluí os mares, os ares e as terras
Queimai tudo, destruí as serras...
Até que um dia com os vossos apocalípticos brinquedos
Com que uns aos outros assustais e meteis medos
Podeis acabar com o mundo e de vez com a guerra
Pode ser que um dia acordeis e já não haja a Terra!



Manuel Palhares

Odivelas, 22 de Julho de 2005.

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